Blast from the Past: Final Fantasy VIII (PS)
Coração de pedra leão
Squall Leonhart é o Homem de Lata. Ele não sente nada e suas reações estão sempre entre a indiferença e o desdém. Órfão, ele cresceu aprendendo a lutar na Garden de Balamb. Até que um dia sua Dorothy chega e ele ganha um coração e algo pelo que lutar. Sim, Final Fantasy VIII é acima de tudo uma história de amor e isso foi duramente criticado por muitos fãs.
A tal Garden é uma escola militar que treina mercenários. Squall recebe a missão de ajudar um grupo da resistência contra o governo de Galbadia, cujo presidente está sob o poder de uma feiticeira chamada Edea. Assim, ele conhece Rinoa Heartilly, a líder da resistência e filha do presidente, que aos poucos vai tirando-o à força desse casulo de solidão ao qual ele mesmo se condenou.
Ao mesmo tempo que mostra essa abertura emocional do protagonista, Final Fantasy VIII trata de uma linhagem de feiticeiras que são possuídas por uma outra, vinda do futuro e determinada a exterminar a existência como conhecemos, transformando o tempo em uma coisa só. Brincando com esse conceito, o jogador eventualmente assume o controle de um outro personagem chamado Laguna Loire, num passado próximo da história. As duas tramas se encontram de maneira interessante, e Laguna é um personagem completamente diferente de Squall: mais maduro, mais decidido e muito mais aberto emocionalmente.
Todo o elenco de personagens do jogo tem seu próprio traço característico, até mesmo os vilões. Seifer, o rival de Squall, que lhe confere a famosa cicatriz no rosto, é arrogante mas ao mesmo tempo incapaz de alcançar o sucesso que deseja. Selphie, a animada garota que acompanha o protagonista, é hilária e irritante ao mesmo tempo, assim como Zell, um lutador hiperativo e tagarela. Já Quistis, a professora de Squall, é um contraponto maduro mas que duvida de si mesma. Irvine, o atirador galã, talvez seja o personagem menos memorável do jogo. Talvez.
Vilas, litorais e metrópoles
Final Fantasy VIII foi o meu primeiro jogo da série. Eu não fazia nem ideia da enormidade daquele mundo até chegar ao final e me sentir completamente deprimido por ter corrido com a história principal e não ter aproveitado as inúmeras side questse lugares para visitar no decorrer da aventura. Então me empenhei em tentar descobrir o máximo possível.
O que eu percebi é que eu estava apaixonado por aquele mundo. Desde a cidadezinha litorânea de Balamb até a metrópole (que lembra muito Paris) de Deling City, capital de Galbadia. Até mesmo a prisão no meio do deserto. Tudo é belo, bem-feito e, acima de tudo, encantador. A própria Garden de Balamb é absolutamente linda, uma verdadeira escola dos sonhos para qualquer pessoa. Arrisco dizer que o mundo aberto de Final Fantasy VIII é mais interessante do que praticamente qualquer jogo de mundo aberto dos dias de hoje. Talvez porque naquela época toda aquela magia, as cores e a beleza dos gráficos tenham me encantado. Talvez seja simplesmente incrível mesmo.
Junção e forças guardiãs
O sistema de batalha do jogo é baseado em turnos, sem grandes adições. Seguindo a tradição da série, temos as Guardian Forces, o nome dado aos Summons do jogo. A diferença está em dois elementos: o sistema de Junction e Draw.
O primeiro trata-se de atribuir a cada personagem Guardian Forces específicas. Assim, cada uma tem uma habilidade para emprestar ao personagem, e possibilita aJunction com algumas magias. Por exemplo: você pode atribuir a magia Death a um personagem, no campo de Defesa de Status. Assim, o uso dessa magia por um inimigo será ineficaz contra ele. Esse sistema anula a presença de armaduras, armas e de personalização específica de atributos, criando um método mais amplo de customização, ainda que muito complicado.
O segundo é um dos mais controversos métodos de obter magias de todos os RPGs da história. Em vez de uma barra de MP (Magic Points), Final Fantasy VIII possui pontos de Draw, em que o personagem absorve uma quantidade limitada de unidades daquela magia. Por exemplo: um Draw Point pode conter 30 Firagas. Cabe ao jogador administrar essa quantidade. Adicionalmente, é possível fazer o Draw em inimigos, “roubando” magias e até mesmo GFs. Isso tornava o processo de obtenção de alguns itens e magias uma verdadeira via crúcis.
O que torna um jogo inesquecível?
Para mim, o que caracteriza qualquer coisa como inesquecível, mais que os cheiros, mais que o toque e mais do que a parte visual, é a música. Se dez anos depois eu ouço a música e lembro exatamente do que eu sentia enquanto ouvia, então aquilo foi feito do jeito certo. E Final Fantasy VIII foi feito do jeito certo.
“Eyes On Me” ainda provoca a sensação de alívio e conforto que me provocava na época. A música da Balamb Garden ainda me faz lembrar daqueles corredores. A deFisherman’s Horizon ainda me remete a um dos trechos mais agradáveis do jogo. Eu sou capaz até de imaginar o vento no meu rosto enquanto a Garden voa. Raros são os jogos que me fizeram sentir isso, e mais ainda os que continuam fazendo depois de tanto tempo. Acredito que eu não seja o único.
Final Fantasy VIII é seu preferido da série também? Odeia o jogo com todas as forças? Sente tudo isso que descrevi ao ouvir a trilha sonora? Não suporta ouvir Eyes On Me? Conte-nos a respeito nos comentários!