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Com a perda de parte da língua na infância, a narradora tenta voltar a falar

Passado muito tempo, resolvi tentar falar, porque estava sozinha me embrenhando na mesma vereda que Donana costumava entrar. Ainda recordo da palavra que escolhi: arado. Me deleitava vendo meu pai conduzindo o arado velho da fazendo carregado pelo boi, rasgando a terra para depois lançar grãos de arroz em torrões marrons e vermelhos resolvidos. Gostava do som redondo, fácil e ruidoso que tinha ao ser enunciado. “Vou trabalhar no arado.” “Vou arar a terra.”. “Seria bom ter um arado novo, esse arado tá troncho e velho.” O som que deixou minha boca era uma aberração, uma desordem, como se no lugar do pedaço perdido da língua tivesse um ovo quente. Era um arado torto, deformado, que penetrava a terá de tal forma a deixa-la infértil, destruída, dilacerada.

Com a perda de parte da língua na infância, a narradora tenta voltar a falar. Essa tentativa releva uma experiência que

a) reflete o olhar do pai sobre as etapas do plantio.

b) metaforiza a linguagem como ferramenta de lavoura. RESPOSTA CORRETA.

c) explicita, na busca pela palavra, o medo da solidão.

d) confirma a frustação da narrado com relação à terra.

e) sugere, na ausência da linguagem, a estagnação do tempo.

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