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ENEM 2023

A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado

As cinzas do Museu nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas – ou sequer feitas – por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo.
O acervo do local continua gravações de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, muitas feitas durante a década de 1960 com antigos gravadores de rolo e que ainda não haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já extintas, sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é que outras instituições tenham registros dessas línguas”, diz a linguista Marilia Facó Soares. A pesquisadora, que trabalho com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que fazer novas viagens de campo para recompor meus arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.
A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado, uma vez que
a) exige a retomada das pesquisas por especialistas de diferentes áreas.
b) representa danos irreparáveis à memoria e à identidade nacionais.
c) Impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área.
d) resulta na extinção da cultura de povos originários.
e) inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna.

Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoador por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita

Dão Lalalão
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir por escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros.
Assim estavam jantando, vinham os do povoado receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca… Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. – “A estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não rende…” – explicava o Zuz ao Dalberto.
Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem trabalho, se recordava das palavras, até com clareza – disso se admirava. Contava com prazer de demorar, encher a sala com o poder de outros altos personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O capítulo da novela estava terminando.
Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoador por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se ao (à)
a) qualidade do som do rádio.
b) estabilidade do enredo contado.
c) ineditismo do capítulo da novela.
d) jeito singular de falar aos ouvintes.
e) dificuldade de compreensão da história

O movimento rap dos povos originários do Brasil revela o (a)

O mais antigo grupo de rap indígena do país, Brô MCs, surgiu em 2009, na aldeia Jaguapiru, em Douradas, Mato Grosso do Sul. Os integrantes conheceram o rap pelo rádio, ouvindo um programa que apresentava cantores e grupos brasileiros desse gênero musical. O Brô MCs conseguiu influenciar outros a fazerem rap e a lutarem pelas causas indígenas. Um dos nomes do movimento, Kunumí MC, é um jovem de 16 anos, de aldeia Krukutu, em São Paulo. O adolescente enxerga o rap como uma cultura de defesa e começou a fazer rimas quando percebeu que a poesia, pela qual sempre se interessou, podia virar música. Nas letras que cria, inspiradas tanto pelo rap quanto pelos ritmos indígenas, tenta incluir sempre assuntos aos quais acha importante dar voz, principalmente, a questão da demarcação de terras.
O movimento rap dos povos originários do Brasil revela o (a)
a) fusão de manifestações artísticas urbanas contemporâneas com a cultura indígena.
b) contraposição das temáticas socioambientais indígenas às questões urbanas.
c) rejeição da indústria radiofônica às músicas indígenas.
d) distanciamento da realidade social indígena.
e) estímulo ao estudo da poesia indígena.

O artista goiano Wolney Fernandes busca expor seu trabalho por meio de plataformas virtuais com o objetivo de

O uso das redes sociais como forma de ampliar universos foi uma descoberta recente para o artista Wolney Fernandes, que começou a criar quando o ambiente em Goiás era mais árido em relação às artes visuais. “Hoje, ser diferente é uma potência e quem sabe o que quer com a própria arte encontra espaço”, diz. As colagens artísticas do goiano aparecem em capas de obras literárias pelo Brasil e exterior.
O artista goiano Wolney Fernandes busca expor seu trabalho por meio de plataformas virtuais com o objetivo de
a) dar suporte à técnica de colagem em Artes Visuais, contornando dificuldades práticas.
b) aproximar-se da estética visual própria da editoração de obras artísticas, como capas de livros.
c) oferecer uma vitrine internacional para sua produção artística, a fim de dar mais visibilidade a suas obras.
d) enfatizar o caráter original e inovador de suas criações artísticas, diferenciando-se das artes tradicionais.
e) trazer um sentido tecnológico às suas colagens, uma vez que as imagens artísticas são recorrentes nas redes sociais.

A manifestação do Marabaixo se constituiu em expressão de arte e cultura, exercendo função de

O Marabaixo é uma expressão artístico-cultural formada nas tradições e na identificação cultural ente as comunidades negras do Amapá. O nome remonta às mortes de escravizados em navios negreiros que eram jogados na água. Em sua homenagem, hinos de lamento eram cantados mar abaixo, mar acima. Posteriormente, o Marabaixo se integrou à vivência das comunidades negras em um ciclo de danças, cantorias com tambores e festas religiosas, recebendo, em 2018, o título de Patrimônio Cultural do Brasil.
A manifestação do Marabaixo se constituiu em expressão de arte e cultura, exercendo função de
a) ressignificar episódios dramáticos em novas práticas culturais.
b) adaptar coreografias como imitação dos movimentos do mar.
c) lembrar dos mortos no passado escravista como forma de lamento.
d) perpetuar uma narrativa de apagamento dos fatos históricos traumáticos.
e) ritualizar a passagem de atos fúnebres nas produções coletivas com espírito festivo.

O contexto em que o esporte eletrônico é apresentado no texto demonstra o (a)

A indústria do esporte eletrônico é um mercado que está crescendo em um ritmo mais rápido do que a economia mundial. Sua popularidade cresceu muito e no Brasil não é diferente. De acordo com os dados de uma pesquisa, mais de 64% dos brasileiros que jogam videogame já ouviram falar de esporte eletrônico. No entanto, o que chama a atenção é o crescimento superior a 10% do público praticante comparado ao ano anterior, que subiu de 44,7% para 55,4%. Trata-se de um percentual expressivo, já que o Brasil está no top 3 dentre os países que têm o maior número de espectadores de esporte eletrônico do mundo. Comparado ao ano anterior, em 2020, o Brasil teve um marco de crescimento de 20% na audiência. Mundo afora, a árdua dedicação de grandes gamers contribuiu para o reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional, aliado a outras cinco federações esportivas e suas desenvolvedoras de jogos, que direcionam um olhar mais atento ao assunto, permitindo dar o primeiro passo para concretizar, pela primeira vez na história dos jogos eletrônicos, um evento olímpico oficial.
O contexto em que o esporte eletrônico é apresentado no texto demonstra o (a)
a) condição favorável à expansão dessa modalidade.
b) promoção dessa pratica por jogadores profissionais.
c) impulsionamento de um processo de marketing.
d) favorecimento de fabricantes dos jogos.
e) modificação de audiência televisiva.

Ao registrarem usos regionais de termos da área médica, pesquisadores

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará desenvolveu um dicionário para traduzir sintomas de doenças em linguagem popular para os termos médicos. Defruço, chanha e piloura, por exemplo, podem ser termos conhecimentos para muitos, mas, durante uma consulta médica, o desconhecimento pode significar o diagnóstico errado.
“Isso é um registro histórico e pode ser muito útil para estudos dessas comunidades, na abordagem médicas delas. É de certa forma pioneiro no Brasil e, sem dúvida, um instrumento de trabalho importante, porque a comunicação é fundamental na relação médico-paciente, avalia o reitor da instituição.
Ao registrarem usos regionais de termos da área médica, pesquisadores
a) apontaram erros motivos pelo desconhecimento da variedade linguística local
b) explicaram problemas provocadas pela incapacidade de comunicação.
c) descobriram novos sintomas de doenças existentes na comunidade.
d) propiciaram melhor compreensão dos sintomas dos pacientes.
e) divulgaram um novo rol de doenças características da localidade.

Nesse texto, a estratégica usada para convencer o leitor de que uma grande parcela da população

No princípio era o verbo. A frase que abre o primeiro capitulo do Evangelho de João e remete à criação do mundo, assim como também faz o Gênesis, é a mais famosa da Bíblia. A ideia de que o mundo é criado pela palavra, porém, é tão estruturante que está presente em outras religiões, para muito além das fundadas no cristianismo. Como humanos, a linguagem é o mundo que habitamos. Basta tentar imaginar um mundo em que não podemos usar palavras para dizer de nós e dos outros para compreender o que isso significa. Ou um mundo em que aquilo que você diz não é entendido pelo outro, e o que o outro diz não é entendido por você.
O que acontece então quando a palavra é destruída e, com ela, a linguagem?
Durante séculos, em diferentes sociedades e línguas, é importante lembrar, a linguagem serviu – e ainda serve- para manter privilégios de grupos de poder e deixar todos os outros de fora. Quem entende linguagem de advogados, juízes e promotores, linguagem de médicos, linguagem de burocratas, linguagem de cientistas? A maior parte da população foi submetida à violência de propositalmente ser impedida de compreender a linguagem daqueles que determinam seus destinos.
Se o princípio é o verno, o fim pode ser o silenciamento. Mesmo que ele seja cheio de gritos entre aqueles que já não têm linguagem comum para compreender uns aos outros.
Nesse texto, a estratégica usada para convencer o leitor de que uma grande parcela da população não compreende a linguagem daqueles que detêm o poder foi
a) revelar a origem religiosa da linguagem.
b) questionar o temor sobre o futuro da linguagem.
c) descrever a relação entre sociedade e linguagem.
d) apresentar as consequências do esfacelamento da linguagem.
e) criticar obstáculo promovido pelos usos especializados da linguagem.

O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto

“São tantas formas de matar um preto
Que para alguns sua morte é justificada
Devia tá fazendo coisa errada
Se não era bandido, um dia ia ser
Por ser PRETO sua morte é defendida
O PRETO sempre merece morrer”.
A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, preparando jovens – em quase sua totalidade negros – para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo estrutural no país.
É a partir da arte que Baticum consegue envolver a juventude em um projeto de fortalecimento dessa população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da violência, em 201, os negros representavam 77% das vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes, a maioria deles jovens.
O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que justifica o movimento de resistência crescente no Brasil
O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o objetivo de
a) ressaltar a importância da poesia para denunciar a morte de negros, que cresce a cada dia.
b) destacar o crescimento exponencial da temática do preconceito na produção literária no Brasil.
c) demonstrar o incremento no quantitativo de expressões artísticas na discussão de problemas sociais
d) evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os negros são vitimas em potencial da violência.
e) salientar o aumento da participação de jovens nos movimentos de resistência na área da cultura.

Para enfatizar características e atitudes que reforçam a identidade da mulher negra, o poema

Me niego rotundamente
A negar mi voz,
Mi sangre y mi piel.
Y me niego rorundamente
A dejar de ser yo,
A dejar de sentirme bien
Cuando miro mi rostro en el espejo
Com mi boca
Rotundamente grande,
Y mi nariz
Rotundamente hermosa,
Y mis dientes
Rotundamente blancos,
Y mi piel valientemente negra.
Y mi piel valientemente negra.
Y me niego categoricamente
A dejar de hablar
Mi lengua, mi acento y mi historia.
Y me niego absolutamente
A ser parte de los que callan,
De los que temen,
De los que lloran.
Porque me acepto
Rotundamente negra,
Rotundamente libre,
Rotundamente negra,
Rotundamente hermosa.
Para enfatizar características e atitudes que reforçam a identidade da mulher negra, o poema da escritora costarriquenha apresenta
a) advérbios como “rotundamente” e “categoricamente”.
b) verbos reflexivos como “me niego” e “me acepto”.
c) adjetivos como “grande” e “hermosa”.
d) substantivos como “sangre” e “piel”.
e) adjetivos possessivos como “mi” e “mis”.